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DE SETEMBRO! UM GIGANTE A CAMINHO DA INDEPENDÊNCIA
*ALVORI AHLERT
Hoje
comemoramos o Dia da Pátria. Não preciso lembrar aos meus leitores/as este
momento histórico que deu início para que esta porção de terra continental
inicia-se sua trajetória de construção de uma nação gigante como somos. Desde
1822 estamos na busca de nossa independência, no esforço de qualificar essa
independência. E nessa trajetória tivemos muitos avanços e retrocessos. Por isso quero me referir, neste espaço, ao
período que estamos vivendo na construção de nossa independência. E tenho a
certeza de que os últimos anos nos recolocaram no caminho dessa busca, ou seja,
retomamos a condição de qualificarmos cada vez mais a nossa independência.
Depois
de um período sob o jugo neoliberal, no qual nosso país viveu de joelhos,
subserviente aos Estados Unidos da América e à União Européia, acorrentado ao
Fundo Monetário Internacional – FMI, o país retomou sua condição
desenvolvimento e crescimento, condição para transformar a vida dos
brasileiros.
Como
um país continental, nossa agricultura trilhava apenas a senda do agronegócio
empresarial, alimentando apenas a grande produção o que, por sua vez,
empobreceu o agricultor familiar. O caminho de sobrevivência parecia ser a
migração para a cidade. Nos últimos anos o governo federal passou a canalizar
recursos decisivos para o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que cuida
exclusivamente da agricultura familiar. Hoje, o Plano Safra 2013/2014, dispõe
de 39 bilhões de reais para o desenvolvimento da agricultura familiar, assim
distribuídos: Crédito Pronaf: R$ 21 bilhões, Ater: R$ 830 milhões; Garantia-Safra: R$
980,3 milhões; Seguro da Agricultura Familiar (Seaf): R$ 400 milhões, PGPAF: R$
33 milhões, PAA: R$ 1,2 bilhão em compras da agricultura familiar (MDA e MDS),
PNAE: R$ 1,1 bilhão (FNDE), PGPM: R$ 200 milhões, Outras ações: R$ 13, 3
bilhões. (Fonte: Ministério do Desenvolvimento Agrário). Para
a nossa região não é preciso dizer o quanto a agricultura familiar é um setor
estratégico, como é para todo o país. Só nos últimos dez anos, a renda da
agricultura familiar cresceu 52%, permitindo a ascendência de mais de 3,7
milhões de pessoas para a classe média. Hoje o segmento da agricultura familiar
é responsável por 4,3 milhões de unidades produtivas, representando 84% das
propriedades rurais do país, constituindo 33% do Produto Interno Bruto (PIB)
Agropecuário e emprega 74% da mão de obra no campo. Isso mostra uma
Independência a caminho!
Na
área da Educação, num passado recente se investia R$ 5,5
bilhões no FNDE. A partir de 2002 esse montante subiu para cerca de 15,5
bilhões, pois antes se retirava recursos do MEC para compromissos com o sistema
financeiro internacional, numa média de R$ 10 bilhões ao ano. Entre 1909 a
2002, foram construídas apenas 140 escolas técnicas no país. Desde 2002, o
governo democrático popular construiu mais de duzentas novas escolas técnicas,
além de criar o PRONATEC. Na área do ensino superior, nos últimos 10 anos, o ensino superior público federal, que
até 2002 tinha apenas 45 universidades em um país de quase 200 milhões de habitantes,
conta com 63 universidades federais, com
321 campi distribuídos em 272 municípios. Esse
processo de expansão aumentou em 150% as vagas no ensino superior brasileiro. O Reuni
investiu cerca de 18 bilhões na infraestrutura universitária, revertendo a
lógica privatista da educação superior implementada na gestão neoliberal da
década de 90 (década das privatizações), que priorizava a instalação de
faculdades particulares. O Prouni possibilitou mais de um milhão de bolsas de
estudos em universidades privadas. O novo Fies duplicou o número de estudantes
benefiaciados. Também isto é Independência a caminho!
Por tudo
isso, sem mencionar todo o crescimento econômico e industrial alavancado nos
últimos anos e a retomada da construção naval – um país com capacidade de
construir seus próprios navios nos permite vislumbrar a senda da Independência.
Por isso podemos ir às ruas para festejar este dia e nos orgulhar como povo
brasileiro. Mas também ir às ruas para debater e lutar por mais democracia, por
mais participação popular, por mais justiça e igualdade, por uma reforma
política que democratize as eleições, superando os financiamentos dos grandes
conglomerados bancários, industriais e comerciais. Pois sem isso continuaremos
sem independência completa, e ficamos à mercê da economia capitalista
globalizada, que impede tachar as grandes fortunas, não democratizando a
economia por todos produzida e sustentada.
*
Pós-Doutor em Educação. Doutor em Teologia- Área Religião e Educação. Professor
de Ética e Educação Ambiental do Mestrado em Desenvolvimento Rural Sustentável
da UNIOESTE - PR.alvoriahlert@yahoo.com.br
Publicado no jornal O PRESENTE, 7/09/2013, p. 2.
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