quarta-feira, 6 de outubro de 2010

AUTOLIMITAÇÃO E AUTOCONTROLE – UMA CHANCE PARA O FUTURO

A degradação do espírito humano, a intolerância, a agonia climática, a podridão da corrupção, a ruína ambiental, foram marcas do século XX, e suas conseqüências mais nítidas experimentamos nesta primeira década de 2000.
Diante disso precisamos reconstruir estabilidade em nossas relações interhumanas.
Conforme o escritor russo e Nobel de Literatura de 1970, Solzhenitsyn, a autolimitação é nossa maior promessa de futuro. Para ele, “Se não aprendermos a limitar firmemente nossos desejos e exigências, a subordinar nossos interesses aos critérios morais/éticos, nós, a espécie humana, seremos simplesmente arrasados quando os piores aspectos da natureza do homem mostrarem suas garras. Isso já foi muitas vezes apontados por diversos pensadores, como o filósofo Nikolai Lossky ao afirmar: Se uma personalidade não estiver dirigida a valores mais altos do que por  interesse pessoail, a corrupção e a decadência irão inevitavelmente tomar conta. Isso significa que só podemos experimentar uma verdadeira satisfação espiritual não aproveitando, mas recusando-nos a aproveitar. Em outras palavras: autolimitação. Aqui na nossa cultura brasileira significa erradicar o “levar vantagem em tudo.!”
Hoje a autolimitação, diz Solzhenitsyn, parece-nos algo totalmente inaceitável, constrangedor, até mesmo repulsivo, num mundo onde a ordem parece ser: consumir, ganhar, vencer, gozar, acumular, ter mais, ter todo o poder, etc... Através dos séculos nos desacustumamos ao que, para nossos ancestrais, foi um hábito nascido da necessidade. Eles viveram com restrições externas muito maiores e tiveram muito menos oportunidades.
Somente neste século a grande importância do autocontrole surgiu em sua premente integridade perante a humanidade. Apesar disso, levando-se em consideração as várias ligações presentes na vida contemporânea, somente pelo autocontrole e autolimitação poderemos gradualmente curar nossa economia e a vida política corrompida.
Hoje, poucos prontamente aceitarão esse princípio para si. Entretanto, nas circunstâncias cada vez mais complexas da nossa modernidade, limitarmos a nós mesmos é o único caminho verdadeiro para a preservação de todos. E isso ajuda a recuperar a consciência de uma Autoridade Uma e Maior – acima de nós – e de um senso de humildade totalmente esquecido perante essa entidade. Somente assim poderá haver um progresso verdadeiro: a soma total do progresso espiritual de cada indivíduo, do grau de aperfeiçoamento no decorrer de suas vidas.
Vamos ter esperanças, diz Solzhenitsyn. Certamente não experimentamos em vão as provações do século XX, o século das guerras. Afinal, fomos enternecidos por essas provações, e nossas duras lições, que não devem ser esquecidas, serão, de alguma forma, passadas às gerações futuras.

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