terça-feira, 20 de dezembro de 2011

PALAVRA DE GAÚCHO SÁBIO! LEIA O TEXTO DE JUREMIR MACHADO DA SILVA.

CORREIO DO POVO, ANO 117 Nº 80 - PORTO ALEGRE, SEGUNDA-FEIRA, 19 DE DEZEMBRO DE 2011

De faca na bota

<br /><b>Crédito: </b> arte de pedro dreher sobre fotos cp memória

Crédito: arte de pedro dreher sobre fotos cp memória

Crédito: arte de pedro dreher sobre fotos cp memória
Fim de ano, quase um ano de governo Dilma Rousseff. A primeira mulher a presidir o Brasil passou rapidamente da condição de protegida de Lula ao papel de governante firme e sem medo de cara feia. Soterrou as desconfianças machistas sem piscar ou dar discursos ressentidos. Nas internas, pelo que se diz, enquadra ministros com a mesma facilidade com que demite os acusados de corrupção. Dilma é a personagem de 2011. Está fazendo bom governo num Brasil que insiste em desapontar a oposição driblando as crises financeiras internacionais. Se lhe falta o carisma de Lula, sobra-lhe determinação. Passa a imagem de competente, técnica e discreta. Tudo é questão de imagem.

Pouco mais de um ano atrás ainda havia gente grossa protestando contra a eleição de uma ex-guerrilheira. Dilma soube comprometer-se na juventude. Continua com a mesma disposição atualmente. Não pipoca, não amarela, não foge da raia (quem fez isso foi o Celulari). Poderia fazer mais? Sempre se pode. Ou se deveria. Certo é que a "presidenta" passou no teste da confiança. Provou que tem personalidade, autonomia e que quem manda no seu governo é ela mesma. Ouve Lula? Claro. Por que não o faria? É seu aliado, mentor, amigo, tem experiência e uma inteligência política excepcional. Dilma tem sabido dosar as coisas. Nos episódios envolvendo acusados de corrupção, esperou um pouco, deu chance de defesa e, quando achou necessário, executou os subordinados sem dó nem piedade. Poderia ter feito isso antes das denúncias da mídia? Talvez. Será que sabia dos problemas? Sabe-se lá. Como provar? Não me lembro de nenhum presidente que tenha convocado uma coletiva para anunciar espontaneamente a demissão de um ministro seu por suspeita de corrupção.

Dilma está tirando de letra. No ritmo em que vai, firme e serena, emplaca a reeleição com um pé nas costas. Nas costas dos oponentes. Nem Lula terá coragem de tentar tirar-lhe o cargo. Terá de se contentar com o cargo de palpiteiro número 1. Se enfrentar Serra novamente, Dilma massacra. Aécio terá de comer muito feijão tropeiro para ter alguma chance. Ciro Gomes, que anda sonhando com o Planalto outra vez, tem tudo para nunca sair da planície. Mineirucha, Dilma tem conseguido mesclar a frontalidade gaúcha com a sinuosidade mineira. Finta quando precisa, bate quando não há outro jeito, amacia quando dá. Porto Alegre não pode se queixar: vai ganhar uma nova ponte sobre o Guaíba, metrô e outros mimos prometidos há tempos. São esses os benefícios da tal relação direta com o poder central. Ser oposição não dá camisa a estado algum.

Só falta Dilma esclarecer o grande mistério que a cerca. É o que todos ainda querem saber. O enigma precisa ser resolvido. Cedo ou tarde a coisa virá à tona. Tudo vaza. Dilma precisa abrir logo o jogo. Não tem como esconder para sempre. Melhor se antecipar. Dizer de uma vez por todas onde foi parar o diabo do seu visual dos tempos do PDT. Como uma pessoa muda. É o charme da mulher mais velha. Dilma é mesmo de faca na bota. Dá de relho.
(Fonte: Juremir Macjado da Silva. CORREIO DO POVO, 19/12/11)

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