terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Mais um belíssimo texto do gaúcho sábio Juremir Machado da Silva!!!!!!!!! E AGORA, TUCANOS?!!!!

Juremir Machado da Silva

CORREIO DO POVO, ANO 117 Nº 81 - PORTO ALEGRE, TERÇA-FEIRA, 20 DE DEZEMBRO DE 2011

Petralhas e tucanalhas

<br /><b>Crédito: </b> ARTE PEDRO SCALETSKY

Crédito: ARTE PEDRO SCALETSKY

Crédito: ARTE PEDRO SCALETSKY
Agora está empatado o jogo da corrupção? Quem "roubou mais", os petralhas ou os tucanalhas? As perguntas derivam da leitura do livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Eu o li inteirinho de uma sentada só. É trepidante, escaldante e mais rocambolesco do que folhetim de televisão. Será que não sai na Veja por detonar tucanos de alto coturno implacavelmente? Nunca vi tanto documento reunido para sustentar uma tese fatal. Amaury é aquele mesmo que, durante a última campanha eleitoral, foi acusado de tentar ou de comprar dados sigilosos sobre a família Serra. Agora, na sua resposta em forma de livro, ele conta como o truque foi montado para derrubá-lo como forma de tentar salvar a candidatura em queda livre do ex-governador paulista. É demais. O livro do ano. Depena os tucanos com riqueza de detalhes.

Conta como o tesoureiro da campanha de José Serra, Ricardo Sérgio, transferiu uma fortuna para um paraíso fiscal chamado Ilhas Virgens Britânicas e como repatriou a bufunfa com um esquema de lavagem de dinheiro mais simples do que lavar roupa no tanque: a grana voltava como investimento estrangeiro em empresas nacionais. Só que o investidor estrangeiro e o empresário nacional eram uma só pessoa, ele mesmo. Mostra como Verônica, filha de José Serra, e seu marido, Alexandre Bourgeois, entraram no jogo multiplicando empresas de fachada, levando e trazendo dinheiro das Ilhas Virgens Britânicas, cujo nome parece piada, sendo mais justo trocar para Ilhas Prostitutas Britânicas. Verônica Serra jurava não conhecer pessoalmente Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas. Amaury apresenta papéis provando a sociedade e os negócios das duas. Coisa de gente fina. Dinheiro alto, pouco trabalho, operações sofisticadas de despiste, um submundo, se a palavra não parecer forte, mafioso instalado nos Jardins paulistanos e em Miami.

Não bastasse isso, o livro ainda revela como a revista Veja e o jornal Folha de S. Paulo manipularam informações em favor dos tucanos e distorceram fatos para prejudicar a candidatura de Dilma. De quebra, mostra também como a turma de Antonio Palocci e Rui Falcão, atual presidente do PT, brigaram durante a campanha de Dilma com a turma de Fernando Pimentel. Falcão teria feito fogo amigo e entregue para a mídia inimiga dados para desestabilizar os adversários internos. Se tudo for mentira, como alegam os tucanos, é certamente a mentira mais bem documentada do ano. Amaury Ribeiro afirma que o propinoduto das privatizações tucanas irrigou fartamente contas privadas de serristas. Se os petralhas do mensalão, como eram chamados por um colunista da Veja, queriam alimentar um caixa 2 de campanha, os tucanalhas teriam tratado de enriquecer pessoalmente.

Eu não perderia tempo procurando presente de Natal para quem gosta de emoções fortes, babados quentes, fofocas perigosas, operações criminosas, arapongas, mansões no litoral baiano e personagens estranhos como o Espanhol, primo emprestado de Serra e apresentado como seu parceiro em certos negócios. É mesmo de arrepiar.

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